
Recentemente, um site católico de renome, publicou o seu "index" condenando uma série de leigos, religiosos, sacerdotes e bispos, taxando-lhes de "comunistas e propagadores de uma doutrina anti-cristã". Até que ponto chega o nosso olhar míope da fé! As vendas da hipocrisia e da ignorância nos impedem de ver a verdade e experimentar o "gostinho" inconfundível da fé cristã. Lutar por uma sociedade verdadeiramente justa e igualitária, denunciar os desmandos daqueles que oprimem e massacram os mais pobres, conscientizar a população acerca de seus direitos e deveres, unir fé e vida são obrigações dos que se dizem discípulos e missionários de Cristo. Se isso é coisa de comunista, quero o meu nome incluído nessa relação!
A outra vertente de Igreja, presente principalmente nas pequenas comunidades, tenta dar visibilidade aos clamores dos inúmeros excluídos da sociedade. Acusada implacavelmente de envolvimento ideológico com o político e o social ("marxização" da fé cristã), esta incansável militância cristã representa a voz profética do cristianismo há muito esquecida, mas nunca silenciada. A Teologia da libertação, tão atacada e vilipendiada pelas autocracias eclesiásticas, continua a motivar, embalar as grandes lutas, inspirar os corajosos profetas da contemporaneidade que ainda acreditam em um outro cristianismo. Na maneira simples de celebrar e partir o pão, vemos claramente o espaço fraterno aonde as minorias celebram o grande festim do Reino de Deus, já presente aqui e agora.
Duas faces de uma mesma Igreja! O caminho que nos é proposto é resgatar o verdadeiro projeto de Jesus Cristo, para que ele não se torne uma figura proeminente do passado sem implicações concretas na vida atual. Qual a imagem de Jesus Cristo que devemos apresentar ao povo cristão em catequese, ensino religioso e homilia? Qual a importância de um determinado referencial cristológico para o (não-) engajamento social e político de cristãos e cristãs?
Por César Augusto Rocha - coordenador do Conselho Diocesano de Leigos/as