Está cada vez mais difícil encontrar a Igreja Povo de Deus abraçando o lamento da sociedade empobrecida. Onde estão os nossos leigos? A que foram reduzidos? Ao “pó” mencionado nas primeiras páginas das escrituras? A Igreja sobreviverá sem eles atuando corretamente?
A verdade é que nesta dimensão de fé, em que atualmente estamos inseridos, ou melhor, estão nos inserindo, fazem-nos comodamente esquecer-nos da dimensão do Reino, que é muito maior que a minúscula compreensão de Igreja. E neste contexto, os leigos vivem em função da Igreja e não do Reino. Elaboram estratégias de aglomeração que apenas impressionam, mas não há comunhão, não existem relações comunitárias advindas de fórmulas premeditadas, não existe o encontro com o próximo, mas sim, o próximo com o encontro.
Leigos com o negado poder e uma vez agraciados com essa possibilidade de poder exercer os seus direitos, não o sabem como exercer, tremulam perante as forças imperiais e para a vergonha laical, as proféticas ‘pedras’ já sinalizam o esvaziamento da fé libertadora. Transformam-se no insalubre alimento de um ciclo inquebrantável, piramidal, que voraz e velozmente fortalece o sentimento egocêntrico, como se fosse uma doutrina expelida através das massas ocupantes de lugares confortáveis, planejados para o afastamento do espírito comunitário, favorecendo a permanência intrínseca de alguns membros da hierarquia (felizmente nem todos se encaixam nessa categoria) que não relutam em abraçar e contemplar suas polidas paredes e paramentos deslumbrantes. Surgem a cada dia leigos eloquentes pela fantasia da frequência nos assentos dominicais, ideais para o “fechar dos olhos” e ao inevitável declínio da cabeça, que, compenetrada, eleva a mão ao peito para proferir lamentosos pecados, numa ação simultânea que precede uma variação de pedidos de ajuda individualizada. Piedosas súplicas de bondade ao Jesus de Nazaré. Sempre movidos ao som de uma melodia fascinante, celestial e divinamente humana, eles estão prontos para obedecer às extremas e irrefutáveis ordens. Um verdadeiro batalhão de soldados.
Inconfundíveis, eles são presenças atuantes, vitalícias, pertencentes ao ciclo espetacular de uma hegemonia que nada faz para avançar rumo às águas mais profundas, apelo do Nazareno. Neste contexto, pode-se afirmar que eles não sabem nadar! A evidente vontade chega a aflorar, mas, a estes, nem remos e coletes de um pequeno bote inflável lhes são conferidos, muito menos o árduo e digníssimo ensinamento da movimentação do corpo por sobre as águas.
Leigos perdidos pela eficácia de uma excelente máquina de evangelização desencarnada, programada com a perspectiva de apenas margear o indefinido mundo, um mundo cujos leigos em dias não tão distantes, bradaram os encalces da utopia. Hoje, desarrumados e verdadeiramente desarmados, estão abandonados pela ideologia paternalista terrena, que impera e manipula. Leigos transformados em contentes arrumadores de salão, convictos pidões da divina providência, e semi-crentes na abundante vida, acreditando ingenuamente na possibilidade de uma vida santa, firmada na paz sem fogo, e na terra sem sal.
Um laicato que não afronta suas estruturas, um laicato medroso e tímido que erroneamente aprendeu a mansidão das pombas abandonando a prudência das serpentes. O que nos consola? Saber que somos as pequenas doses de “sal da terra” , “fermento” e “grão de mostarda”.
Carlos Jardel - Tianguá
Leigos com o negado poder e uma vez agraciados com essa possibilidade de poder exercer os seus direitos, não o sabem como exercer, tremulam perante as forças imperiais e para a vergonha laical, as proféticas ‘pedras’ já sinalizam o esvaziamento da fé libertadora. Transformam-se no insalubre alimento de um ciclo inquebrantável, piramidal, que voraz e velozmente fortalece o sentimento egocêntrico, como se fosse uma doutrina expelida através das massas ocupantes de lugares confortáveis, planejados para o afastamento do espírito comunitário, favorecendo a permanência intrínseca de alguns membros da hierarquia (felizmente nem todos se encaixam nessa categoria) que não relutam em abraçar e contemplar suas polidas paredes e paramentos deslumbrantes. Surgem a cada dia leigos eloquentes pela fantasia da frequência nos assentos dominicais, ideais para o “fechar dos olhos” e ao inevitável declínio da cabeça, que, compenetrada, eleva a mão ao peito para proferir lamentosos pecados, numa ação simultânea que precede uma variação de pedidos de ajuda individualizada. Piedosas súplicas de bondade ao Jesus de Nazaré. Sempre movidos ao som de uma melodia fascinante, celestial e divinamente humana, eles estão prontos para obedecer às extremas e irrefutáveis ordens. Um verdadeiro batalhão de soldados.
Inconfundíveis, eles são presenças atuantes, vitalícias, pertencentes ao ciclo espetacular de uma hegemonia que nada faz para avançar rumo às águas mais profundas, apelo do Nazareno. Neste contexto, pode-se afirmar que eles não sabem nadar! A evidente vontade chega a aflorar, mas, a estes, nem remos e coletes de um pequeno bote inflável lhes são conferidos, muito menos o árduo e digníssimo ensinamento da movimentação do corpo por sobre as águas.
Leigos perdidos pela eficácia de uma excelente máquina de evangelização desencarnada, programada com a perspectiva de apenas margear o indefinido mundo, um mundo cujos leigos em dias não tão distantes, bradaram os encalces da utopia. Hoje, desarrumados e verdadeiramente desarmados, estão abandonados pela ideologia paternalista terrena, que impera e manipula. Leigos transformados em contentes arrumadores de salão, convictos pidões da divina providência, e semi-crentes na abundante vida, acreditando ingenuamente na possibilidade de uma vida santa, firmada na paz sem fogo, e na terra sem sal.
Um laicato que não afronta suas estruturas, um laicato medroso e tímido que erroneamente aprendeu a mansidão das pombas abandonando a prudência das serpentes. O que nos consola? Saber que somos as pequenas doses de “sal da terra” , “fermento” e “grão de mostarda”.
Carlos Jardel - Tianguá