A paróquia de Camocim/CE, está celebrando com alegria e júbilo a 130º festa de seu padroeiro Senhor Bom Jesus dos Navegantes que iniciou na noite de ontem (11/11) e perdurará até o dia 21 de novembro, Festa de Cristo Rei. São 10 dias de evangelização, louvor e congraçamento dos diferentes movimentos, pastorais e comunidades na praça da Matriz, refletindo sobre a temática: "Bom Jesus, faz-nos discípulos e missionários".
As festas de padroeiro são sempre oportunidades imperdíveis de revigoramento e fortalecimento pastoral, de se investir na evangelização e conscientização de nosso povo. Temos percebido, entretanto, o fortalecimento de uma espiritualidade cada vez mais intimista (eu e Deus) e desencarnada da realidade de nossas comunidades. Algumas vezes parece que estamos olhando mais para o nosso próprio umbigo do que para o Outro transcendente. Nossas liturgias, por exemplo, precisam ser mais criativas, participativas e atentas ao universo simbólico e religioso de nosso povo. Precisamos ter um cuidado maior com nossas celebrações, para que elas não se tornem um tradicionalismo estagnado, mumificado pelo tempo. As homilias de alguns de nossos sacerdotes, parecem não "tocar" a alma das pessoas, não mexem com suas estruturas e consequentemente não as fazem pensar. Nossos cantos não enfatizam mais a problemática social, o aspecto comunitário da fé e os desafios da evangelização. Como podemos cantar ao Deus da vida sem refletir sobre os irmãos que padecem sem vida? Onde estão as celebrações cheias de vida, dinâmicas, envolventes, populares e menos "romanizadas"?
Nosso festejo deve deixar marcas de conversão em nossas comunidades, de revitalização e renovado ardor. Deve nos inquietar, nos interpelar e fazer com que mudemos a nossa visão de Igreja. Precisamos de missionários e evangelizadores que transcendam as paredes do templo e se voltem para o mundo, a sociedade, numa postura indomável diante dos poderes do mundo, não se deixando domesticar pelas “falinhas mansas” de todos os anti-evangelhos de rosto sedutor que por aí andam. Esse é o catolicismo que queremos!
Por outro lado, uma festa de padroeiro não se resume a celebrações e atos litúrgicos. É sempre a festa do reencontro, das barraquinhas tradicionais que reúnem famílias e amigos, do parque que anualmente nos visita e faz a alegria da criançada, da banda de música do Maestro Miguel que faz o seu espetáculo a parte abrilhantando as nossas noites, enfim, da confraternização e da alegria, que floresce em meio a tantos problemas e sofrimentos. Como nós camocinenses somos felizes por termos um padroeiro tão egrégio e notável, Bom Jesus dos Navegantes, o próprio Filho de Deus que se reveste de singeleza e majestade para abençoar o nosso povo pertinaz e lutador.
Há sinais de crescimento e amadurecimento, mas precisamos avançar, não apenas na estrutura, mas precisamente em nossa linguagem e conteúdo, sem perder de vista a sensibilidade e o zelo com aqueles que se encontram diariamente durante o novenário na expectativa de terem um encontro pessoal com Deus.
Boa festa para todos/as!
Por César Augusto Rocha - Articulador Diocesano do Conselho de Leigos/as
As festas de padroeiro são sempre oportunidades imperdíveis de revigoramento e fortalecimento pastoral, de se investir na evangelização e conscientização de nosso povo. Temos percebido, entretanto, o fortalecimento de uma espiritualidade cada vez mais intimista (eu e Deus) e desencarnada da realidade de nossas comunidades. Algumas vezes parece que estamos olhando mais para o nosso próprio umbigo do que para o Outro transcendente. Nossas liturgias, por exemplo, precisam ser mais criativas, participativas e atentas ao universo simbólico e religioso de nosso povo. Precisamos ter um cuidado maior com nossas celebrações, para que elas não se tornem um tradicionalismo estagnado, mumificado pelo tempo. As homilias de alguns de nossos sacerdotes, parecem não "tocar" a alma das pessoas, não mexem com suas estruturas e consequentemente não as fazem pensar. Nossos cantos não enfatizam mais a problemática social, o aspecto comunitário da fé e os desafios da evangelização. Como podemos cantar ao Deus da vida sem refletir sobre os irmãos que padecem sem vida? Onde estão as celebrações cheias de vida, dinâmicas, envolventes, populares e menos "romanizadas"?
Nosso festejo deve deixar marcas de conversão em nossas comunidades, de revitalização e renovado ardor. Deve nos inquietar, nos interpelar e fazer com que mudemos a nossa visão de Igreja. Precisamos de missionários e evangelizadores que transcendam as paredes do templo e se voltem para o mundo, a sociedade, numa postura indomável diante dos poderes do mundo, não se deixando domesticar pelas “falinhas mansas” de todos os anti-evangelhos de rosto sedutor que por aí andam. Esse é o catolicismo que queremos!
Por outro lado, uma festa de padroeiro não se resume a celebrações e atos litúrgicos. É sempre a festa do reencontro, das barraquinhas tradicionais que reúnem famílias e amigos, do parque que anualmente nos visita e faz a alegria da criançada, da banda de música do Maestro Miguel que faz o seu espetáculo a parte abrilhantando as nossas noites, enfim, da confraternização e da alegria, que floresce em meio a tantos problemas e sofrimentos. Como nós camocinenses somos felizes por termos um padroeiro tão egrégio e notável, Bom Jesus dos Navegantes, o próprio Filho de Deus que se reveste de singeleza e majestade para abençoar o nosso povo pertinaz e lutador.
Há sinais de crescimento e amadurecimento, mas precisamos avançar, não apenas na estrutura, mas precisamente em nossa linguagem e conteúdo, sem perder de vista a sensibilidade e o zelo com aqueles que se encontram diariamente durante o novenário na expectativa de terem um encontro pessoal com Deus.
Boa festa para todos/as!
Por César Augusto Rocha - Articulador Diocesano do Conselho de Leigos/as