Nenhum evangelista é mais indicado para descrever esta relação íntima do pastor com as suas ovelhas do que João, aquele que reclinou a cabeça no ombro de Jesus na última ceia. Também não há figura mais humana e adorável de Jesus do que aquela em que ele é retratado com a ovelha nos ombros-OS PASTORES NO TEMPO DE JESUS – Os pastores, que ainda hoje são vistos na figura dos beduínos do deserto, roupas rústicas, cajado na mão, eram os encarregados de guiarem os rebanhos de ovelhas até onde pudessem encontrar pasto e aguada nas terras desérticas da Palestina. Além do seu próprio rebanho, tomavam conta dos rebanhos de outras famílias. Entregavam-se, por inteiro à sua função, tanto que eram capazes de separar as ovelhas de cada família em qualquer momento em que precisassem devolvê-las. Com a convivência, acabava nascendo uma relação afetuosa entre o pastor e as ovelhas. Ele dava o nome a cada uma delas e identificava cada uma pelas características e os maneirismos que ele observava nelas. E, vice-versa, as ovelhas conheciam a sua voz e uma palavra só era suficiente para que elas, de manhãzinha, saíssem do aprisco e o seguissem atrás caminho afora. Quando alguma se perdia, o pastor entrava deserto a dentro à procura dela. Com a convivência, nascia um verdadeiro bem-querer entre pastor e ovelha. Há até menção na Bíblia de um pastor que tirou uma ovelha da boca de um leão (Am 3,12).
-CRISTO CONHECE AS SUAS OVELHAS:
Toda a afinidade entre o pastor e as suas ovelhas está concentrada nesta frase: “O pastor conhece as suas ovelhas.” Frase que no mundo ocidental não chegamos ao seu alcance. “Conhecer” para nós do mundo ocidental é um ato meramente intelectual. Na Bíblia, “conhecer” é mais do que compreender intelectualmente, é mais do que possuir como se possui uma coisa qualquer. É um possuir interior. Fala Bento XVI no seu livro “Jesus de Nazaré”, pag. 242: “O verdadeiro pastor não possui as ovelhas como uma coisa qualquer que se pode usar e gastar; elas lhe pertencem precisamente no se conhecerem e esse “conhecer” é um acolhimento interior. Significa um pertencer interior que vai muito além da posse de coisas.”
E, vice-versa, “conhecer” a Jesus na linguagem bíblica é mais do que compreendê-lo intelectualmente, é acolhê-lo interiormente, o que se aproxima do identificar-se com Ele. Então “conhecer” a Jesus é na profunda singeleza do Padre Zezinho:
“Amar como Jesus amou,
Sonhar como Jesus sonhou,
Pensar como Jesus pensou,
Viver como Jesus viveu,
Sentir o que Jesus sentia,
Sorrir como Jesus sorria.”
Numa palavra, é identificar-se com Ele.
-SER PASTOR É SER LÍDER, COMO DIZ O PADRE NILO LUZA NA COLUNA LARANJA DE ‘O DOMINGO” DE 03.05.2009
- No mundo político, líder é aquele que nós escolhemos para representar-nos lá na esfera da administração do país. É preciso é que eles se lembrem que são apenas representantes nossos. Que a figura e os interesses pessoais sejam suplantados pela figura e os interesses do povo que o elegeu.
- No lar, os pais são os líderes que ensinam e dirigem os filhos vinte e quatro horas por dia, deixando neles a herança dos ensinamentos e dos exemplos.
- No mundo espiritual, os padres e os leigos engajados são os pastores que devem “conhecer” (no sentido bíblico) as suas ovelhas e a quem as ovelhas devem seguir ouvindo a sua voz.
-LIÇÕES PARA O CÍRCULO BÍBLICO:
-No silêncio da nossa alma, vamos refletir que, às vezes, não é de cima de um púlpito , mas é no interior da nossa casa ou nos vaivens do nosso dia-a-dia que podemos dirigir pessoas carentes, que confiam em nós, que dependem de nós como se fôssemos seus legítimos pastores e para as quais o nosso exemplo de vida é que vai selar a dependência delas a nós.
- Percebendo como são tantas as vozes de pastores que se levantam, vamos reconhecer a voz do nosso legítimo pastor. Vamos segurar com força na mão do Senhor da Galileia, aquele que tem poder de acalmar o mar, cantando:
“Põe tua mão na mão do meu Senhor da Galileia.
Põe tua mão na mão do meu Senhor que acalma o mar.
Meu Jesus, que cuida de mim todo dia sem cessar.
Põe tua mão na mão na mão do meu Senhor, que acalma o mar.”
Por Francisco Valmir Rocha -Membro da Pastoral Bíblica de Camocim/CE - Diocese de Tianguá
