sábado, 20 de fevereiro de 2010

CARTA AOS PRESBÍTEROS E DIÁCONOS


A LITURGIA PEDE SOCORRO
Liturgia é uma questão de amor e quando se ama, tudo frutifica para o bem de todos. Estou aqui como Igreja que sou e uma teimosa formadora de Liturgia, gritando pela unidade e o respeito pelos ensinamentos da Igreja. Unidade, “sim”! Engessamento, isolamento, arrogância, egoísmo, ditadura, ou sei lá o que, “não”. Peço um pouquinho de sua paciência, em nome de Jesus Cristo. Quem sou eu para ensinar “Pai nosso a Vigário?” se já estudaram e estudam tanto? E nem precisa, pois a Santa Mãe Igreja já nos oferece tudo em seus documentos e ainda nos presenteia com um Setor na CNBB que busca resgatar o essencial, nos instruir, direcionar e redirecionar ao centro – Jesus Cristo e nos inserir na grandeza e profundidade do seu Mistério Pascal. Afinal, o que celebramos? Celebramos a memória de um Deus maravilhoso que está no meio de nós, que nos ama infinitamente e mesmo quando insistimos em nossas loucuras de achar que podemos tudo, em nossos improvisos, nossos despreparos, nossa pressa, nossos descasos, nossos atropelos do dia-a-dia, nossa correria e não procuramos fazer para Ele o melhor de nós. Já se vão mais de 45 anos do Concílio Vaticano II, a grande reforma da Igreja, com a Sacrosanctum Concilium e ainda estamos engatinhando numa lentidão tão grande, na qual e devido a qual não iremos apreciar, ou saborear as delícias encontradas e a nós entregues pela Igreja para celebrarmos e ajudar o povo de Deus (sujeito da celebração) a bem celebrar. Não me julguem pretensiosa ou sabe tudo, pois, não me considero nada disso. Quero somente ajudar na construção do Reino de Deus e esta carta, tenho certeza, não está partindo de mim, mas da inspiração e da fortaleza no Espírito Santo de Deus – sozinha não a faria – quem sou eu para me dirigir de qualquer jeito a vocês?
A presidência da celebração é um dos ministérios mais sublimes que existe e que possui a capacidade pela sua espiritualidade e o seu envolvimento, de levar a todos que participam a felicidade suprema que é o próprio Deus, bem como a uma transformação interior capaz de transcender. É pois, uma grande riqueza que muitos ainda não descobriram. Os Sacramentos celebrados e a Piedade Popular – a liturgia - precisam chegar ao povo de Deus da melhor maneira possível e como nos ensina a Santa Mãe Igreja (sintonia). Nada pode ser fechado, parado ou isolado. Deve existir sim, a inculturação sem exageros, sem improvisos, sempre bem preparada por todos, gerando unidade.
Repito: sou apenas, uma serva de Deus que estuda, se aprofunda, ama profundamente a liturgia e sua Igreja e quer partilhar tudo o que sabe e ama com os irmãos e que tem muito respeito e admiração para com os sacerdotes. Sei que cada um tem o seu jeito particular de se expressar ou de expressar a sua espiritualidade. Porém, fico muito triste ao chegar em algumas comunidades para dar formação litúrgica (o que adoro fazer) em nome da Igreja - não invento nada – ou participar seja na animação ou somente como membro da assembléia – e ao dar a formação, procurando repassar o que a Santa Mãe Igreja ensina, bem como minha experiência, fico a escutar muitas reclamações, como a falta de motivação por não encontrar na presidência ou no pároco e em alguns grupos, uma resposta ou parceria para fazer acontecer uma liturgia inculturada, bem preparada, criativa e em sintonia com a unidade da Igreja, ou nas mãos dos “donos (as)” exclusivos (as) da liturgia. Fica difícil para nós, formadores (as) de liturgia, ensinar uma coisa e ter que fazer outra, ou ver fazendo outra. Isto se chama incoerência. Quero dizer: ensinamos de um jeito – o jeito que a Igreja manda – e estamos vendo outra coisa acontecendo em nossas celebrações, nos deixando sem credibilidade e sem saber que atitude tomar. Graças a Deus, podemos mostrar nos documentos onde buscamos nos preparar.
por favor, e se possível a ajuda de todos vocês quanto a unidade e a urgência em implantar a Pastoral Litúrgica em suas Paróquias, bem como, descentralizar a mesma para as capelas e comunidades. Tenho certeza que esta atitude (de implantar a Pastoral Litúrgica – bem implantada), solucionará muitos problemas. Hoje a Igreja estabelece que não mais podem caminhar separadamente: Pastoral Litúrgica, Música Litúrgica e Espaço Litúrgico (devem andar em sintonia, como ensina a liturgia). Precisamos falar a mesma língua, estar unidos num só coração e cantando a mesma canção = unidade. Porém, o que mais presenciamos é cada um fazendo a liturgia que lhe apraz ou acha. Sabemos por demais diferenciar celebrações simples de celebrações solenes, ambas com a mesma espiritualidade, preparação e seriedade. Não podemos fazer tudo o que as pessoas querem, porque estão pagando ou acham bonito – se continuarmos agindo assim, qual será o futuro da Igreja? Que tipo de Igreja nós queremos? A que desobedece seus ensinamentos e faz tudo o que cada um quer? Ou a coerente e pé-no-chão? O que está faltando é muita catequese para o nosso povo - principalmente os grupos que estão a frente. Precisamos catequizar, mostrar o que é certo o que é errado e o por que; não devemos ter medo e sim, segurança no que falamos ou ensinamos. O que existe é muito comodismo, indiferença e correria por parte de todos para se aprofundar, se organizar, estudar bastante e partilhar com todos. A Pastoral Litúrgica não é apenas uma equipe de celebração ou que se reúne para preparar as celebrações (também muito importantes). A Pastoral Litúrgica vai mais além: faz a experiência de Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo, está constantemente em oração, estuda, se aprofunda, avalia a caminhada, zela pela liturgia da Paróquia, cuida da formação de todos – os ministérios e povo de Deus - planeja todas as atividade litúrgicas da Paróquia e suas comunidades, todos em comunhão – membros e pároco – presidentes, etc. Isto é um sonho o qual tenho certeza que com a ajuda de todos vocês, membros especiais da Pastoral Litúrgica, será realidade em nossa Diocese, em nossa vida. Sei também que não é fácil a implantação da Pastoral Litúrgica em razão do comodismo, a facilidade, e o mal hábito da liturgia do fazer, fazer, fazer – improviso, de qualquer jeito e não saber o que está fazendo, ou seja, não vivenciar, experienciar antes. Sei também, da correria que vocês enfrentam. Mas, preparem os leigos em suas paróquias e comunidades, capacite-os (formação) e se integrem a tudo isso de coração, aí verão como eles ajudarão e muito. Quem não se propor a ajudar, não fica. Um exemplo: a Palavra de Deus não está chegando aos corações das pessoas (está sendo mal proclamada); a maioria não sabe o que é a Eucaristia, nem a importância dos Sacramentos em suas vidas. Por que? Padre fulano deixa fazer assim e padre fulano não deixa. Aqui não faz, mas, na paróquia tal... eu consigo, ou ainda, reclamações durante as celebrações (tudo isso, tira a unidade e a espiritualidade) O que fazer, então? Nos ajudem! Vocês são as primeiras pessoas que podem mudar o que estamos vivenciando ou presenciando e que deveriam estar à frente de uma formação em comunhão com os ensinamentos da Igreja.
Podemos melhorar? Sim, podemos! Dando-nos as mãos, com sinceridade, seriedade, buscando meios, respeitando, nos organizando. Nossa Igreja é maravilhosa e nos dá tudo o que precisamos; não podemos perder mais tempo, nem ficar marcando passo; o apelo necessita de uma resposta com urgência. Basta querer melhorar. As celebrações já acontecem; já crescemos muito, temos muita gente de boa vontade ajudando. Se os padres não estiverem à frente, motivando, puxando, cobrando, exigindo, cuidando, ou seja, realizando o melhor para Deus, as coisas não andam como deveriam. Onde, chegaremos então? Vamos continuar na superficialidade? Ou nos calando para conviver e poder caminhar em paz?
Por favor, mais uma vez, não me julguem mal ou pretensiosa. Só pensei no melhor para a Igreja, para todos. Repito: tenho o maior respeito e carinho por vocês sacerdotes – uma missão tão linda, tão digna, tão próxima de Deus, no trabalho com o povo. Sou uma missionária igual a todos. Não sei nada a mais, nem a menos que ninguém, porém procuro me aprofundar, estudar, me capacitar e fazer o melhor que posso para o meu Deus, partilhando meus desejos e meus sonhos com todos vocês. Valorizem a liturgia bem preparada, sem improvisos, sem ruídos, sem interferências que não ajudam o povo celebrar. Já chega, das liturgias de rádio e televisão – de mídia – ditando normas, gestos, atitudes, etc., não corretos, ou não coerentes com a Igreja, porém, sendo colocadas como certas, onde sabemos que não condiz. Não precisamos de competições, de apoteoses ou exageros, pois os nossos objetivos, são os mesmos – estamos na mesma estrada. Simplicidade! Jesus Cristo, está na simplicidade de tudo. Cada um faça o melhor que pode, dê o melhor de si para Deus – a Ele todo poder, honra e glória. Amém.
Fazemos parte do Eixo Sacramento da Diocese de Crato e o nosso Bispo Diocesano é Bispo de referência no Setor Liturgia da CNBB. Precisamos muito da ajuda de todos.
Comunico-lhes, que a iniciativa desta carta foi somente minha; por amar um Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo, minha Igreja e amar profundamente a Liturgia. Não a jogue num canto qualquer; vamos sonhar juntos e tornar os nossos sonhos em realidade. Obrigado pelo carinho e a paciência de todos vocês. Me coloco a disposição de todos - da minha Igreja e da minha Diocese, para juntos seguirmos em frente.

Abraço a todos.

Que Deus nos abençoe e Nossa Senhora nos proteja hoje e sempre.

Mais informações
Maria Adeleni Milfont Feitosa de Oliveira
E-mail: adelenimf@yahoo.com.br
Juazeiro do Norte,