sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

A DIMENSÃO SÓCIO-POLITICA DA SUSTENTABILIDADE.

A assembléia das Pastorais Sociais, CEBs e Organismos da Arquidiocese de Fortaleza que aconteceu de 13 a 15 de Novembro abordou o tema da sustentabilidade, dando prioridade, nesse primeiro momento, a dimensão sócio-política. Trabalhar a sustentabilidade é querer estar atentos à dinâmica que envolve nossa maneira de ser e de fazer pastoral social.
Primeiro temos que partir do princípio de que estamos vivendo um momento de insustentabilidade em todas as dimensões. E que acabamos sendo cúmplices de um sistema destruidor. Nossa cumplicidade se dá principalmente por causa da nossa surdez e das contradições vividas por nós. O planeta está sendo ameaçado diariamente e nossas interferências têm sido poucas ou quase nenhuma. Há clamores e nós não estamos sabendo escutá-los.
O nosso grande problema é que ainda não nos conscientizamos de que fazemos parte da natureza. É como se ela fosse fora de nós. Enquanto nos colocarmos fora a problemática vai continuar. E nós não temos uma ação forte contra os danos ao meio ambiente. Está mais do que na hora de apoiarmos os movimentos de resistência e vivenciarmos as alternativas de forma audaciosa. Assistir a nossa própria destruição de forma passível é omissão.
As pequenas práticas, por menores que pareçam ser, são sinais de esperança. O medo não poderá nos vencer se partirmos para o enfrentamento. É preciso denunciar as grandes empresas que exploram a terra, que ganham tudo de graça e depois vão embora. O movimento social tem que reverter à violação de direitos, mas isso só acontecerá se for de forma articulada.
O jogo está posto e nós estamos perdendo. Primeiro porque nos falta uma luta articulada. Cada seguimento voltou o olhar para si, produzindo uma divisão desnecessária. Segundo porque nos distanciamos do povo, nos colocando como agentes externos e não como quem está na mesma situação. Na maioria das vezes estamos indo na contramão e nos falta um trabalho de base. Terceiro porque a distância entre as gerações se tornou enorme. Por isso é urgente se pensar em investir na formação de lideranças e preenchermos os espaços vazios.
Ainda é possível interferir e ganhar o jogo. Para isso acontecer basta que voltemos a sonhar e sonhar de forma coletiva, sendo capazes de rever nossas metodologias e de produzir coisas que gerem unidade. Produzir políticas públicas para o coletivo, para o todo é o desafio. E para se ter resultados é preciso que haja a participação dos interessados, pois sem eles não há legitimidade.
Estamos no caminho certo e não podemos desanimar. O nosso público é realmente aquele que se tornou invisível aos olhos da sociedade. Só temos que ter clareza do motivo pelo qual estamos lutando e de percebermos as forças que estão competindo conosco.

Antonio Julio Ferreira de Souza, C.Ss.R*
Padre, Articulador das Cebs e Jornalista

FONTE:http://www.anote.org.br/novosite/destaque.asp?cod=389