sábado, 24 de outubro de 2009

COMUNIDADES ECOLÓGICAS DE BASE- UM PROJETO ECLESIAL



A Igreja que se pensa como uma rede articulada de pequenas comunidades eclesiais de base (CEBs) tem, certamente, características próprias indeléveis, a saber: (1) Ela se entende a si mesma, em primeiro lugar, como assembléia de cristãos batizados, incluídos aí os ministros ordenados.
Isso faz com que sua agenda de prioridades pastorais se torne diferenciada: os maiores e melhores esforços comunitários não podem ser dirigidos à animação do “terço dos homens” (nem do das mulheres...) ou do “ministério da música”, mas devem se destinar, antes, à ação transformadora e salvífica das realidades seculares. Pelo menos é o que dizem as encíclicas papais acerca da “missão dos leigos” – o seu campo primordial de atuação e militância deve ser o mundo e suas realidades, não o interior das igrejas e sacristias! Curiosamente, observa-se em nossas paróquias um número cada vez maior de leigos e leigas totalmente absorvidos com tarefas de animação intra-eclesial (não que estas não tenham sua importância!) e, conseqüentemente, bastante indispostos e relutantes a se engajar na luta contra as situações crônicas de negação da vida que marcam o nosso dia-a-dia. Uma Igreja, porém, que é consciente do seu caráter majoritariamente laical deve estabelecer uma nova agenda de prioridades: Sem negligenciar a constante celebração da fé e a vivência dos sacramentos para realimentar a esperança cristã, prioriza, no entanto, o planejamento de ações e estratégias eficazes para humanizar estruturas e instituições, defender direitos e preservar a vida onde ela estiver ameaçada.
É o que tentam fazer, por exemplo, as CEBs, pequenas comunidades cristãs fraternas e conscientes espalhadas por todo o Brasil. Alarmadas com as violentas intervenções do agronegócio na selva amazônica e a conseqüente degradação do eco-sistema e espaço de vida das populações indígenas e ribeirinhas – tema do 12º Encontro Intereclesial em Porto Velho (RO) do qual participaram em julho passado – as CEBs da Arquidiocese de Fortaleza procuram agora detectar as realidades e atitudes anti-ecológicas mais desafiadoras em nosso próprio meio e estudar formas eficazes de combatê-las – fora e dentro de nós! Viram a necessidade de uma verdadeira conversão pessoal e eclesial, no sentido de conclamar cristãos e cristãs social e politicamente inertes ou inocentes para a urgentíssima tarefa de salvar o nosso mundo do desastre ecológico. Para isto, estão preparando o Fórum Ecológico e Social das CEBs da Arquidiocese, a acontecer entre 30 de outubro e 01 de novembro, no Centro de Pastoral “Maria, Mãe da Igreja”, contando com uma participação expressiva das 6 regiões episcopais, o que inclui as comunidades da Praia, da Serra e do Sertão. O assessor ambientalista João Alfredo Telles Melo colaborará no sábado (31/10) para ajudar a discernir pistas de ação de ordem pessoal, comunitária e política que possam ser abraçadas pelos militantes das comunidades. A pretensão é chegar à elaboração de um amplo projeto ecológico-social, vivido pelas CEBs nos anos a seguir, abrangendo iniciativas educacionais e preventivas, reparadoras e promotoras, denunciatórias e políticas. Na manhã do domingo (01/11), uma celebração eucarística ao ar livre, em estilo franciscano, confirmará o novo compromisso assumido pelos participantes do Fórum! Imperdível!
Podem participar, além de integrantes das comunidades, agentes de pastoral e representantes de movimentos ecológicos interessados/as em contribuir na construção desse projeto – e na sua efetivação. “Comunidades ecológicas de base” - é a Igreja-CEBs aprendendo a cuidar do que é nosso!Informações e inscrições com: Nonato 8812.5295 - Júlio 9906.7039 - Iara 8873.1610 - Suzy 3495.8292 - Inês 9994.0263 - Carlo 3263.2730 - Airton 8736.6963
Venham ajudar a construir este projeto!

Carlo Tursi, teólogo e membro da Coordenação Arquidiocesana de CEBs